Novo longa do herói da DC resgata clima sombrio que o consagrou como “Cavaleiro das Trevas”
Um dos heróis mais populares do universo da DC Comics, ao lado de Superman, Batman ganha novo filme abordando um viés mais trágico e humano da vida dos moradores de Gotham City. Estrelado por Robert Pattinson (“Crepúsculo”, “Lembranças”), o novo longa resgata o clima sombrio visto em HQs e na adaptação de Tim Burton, que o consagrou nos cinemas na virada das décadas de 1980 para 1990. Melhor: corrige a Gotham ensolarada vista em boa parte de “Batman Begins”, de Christopher Nolan. Aqui, Gotham já está carcomida pelo crime e se apresenta de maneira decadente, sombria, como sempre pareceu ter sido.
O filme é longo, talvez até demais: 2h55, mas não cansa tanto quanto algumas sequências vistas da filmografia do morcego até aqui. Desta vez, o roteiro ajuda a manter o ritmo ágil da narrativa e a edição é bem feita, dando um clima e um charme indispensáveis para a trama. Percebe-se também um uso maior de efeitos práticos, o que melhora e muito a visão de um Batman exageradamente computadorizado, como visto na trilogia do Cavaleiro das Trevas e nos recentes encontros com Superman e Liga da Justiça.
Robert Pattinson se entrega de corpo e alma ao papel, mostrando o lado humano, mas não tão humanizado, do vigilante noturno de Gotham. O ator soube dosar a melancolia, a vingança e a busca por justiça. Ele está irretocável na pele de Bruce Wayne e sob a armadura de Batman.
Destaque ainda para Zöe Kravitz, intérprete da não menos lendária Mulher-Gato. Ela busca vingança contra os maiores criminosos da região e, vez ou outra, uma de suas vidas se choca com a do homem morcego.
O filme traz, ainda, outros dois personagens icônicos do universo dos quadrinhos: Charada e Pinguim, com origens mais humanas que as vistas nas versões dos anos 1990.
A trilha sonora é outro fator positivo: embalam as principais cenas, clássicos imortais e de fácil reconhecimento. O Batmóvel, conforme adiantado por produtores do longa, foi levemente inspirado em “Christine”, lendário carro assassino criado por Stephen King, e sua primeira aparição no filme é digna de uma sequência de John Carpenter.
Entre uma referência e outra, o diretor Matt Reeves vai construindo o filme, dando a ele ritmo e despertando a atenção do espectador, chegando a um clímax favorável, sem precisar abrir mão de uma coerência narrativa e sem lançar mão de reviravoltas mirabolantes para favorecer este ou aquele personagem.
Vale ressaltar, porém, dois pontos negativos no filme: o primeiro é a já citada duração: dava pra ter contado tudo em apenas duas horas ou duas horas e meia. O segundo é a mudança drástica na história de Thomas Wayne. Algo que também aconteceu com o personagem Coringa, em seu filme solo. Essas mudanças em personagens já consagrados não acrescentam nada à mitologia e pode abrir precedentes perigosos em futuras continuações/refilmagens.
Fora isso, “Batman” é uma grata surpresa da Warner/DC, que abre muitas possibilidades para o morcegão a partir de agora.
Cotação por ossos: 9,0

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Foto: Divulgação Warner Bros./UCI Cinemas/Palavra Comunicação