Turma da Mônica: Lições chega hoje aos cinemas
A idade chega para todos, e isso inclui a Turma da Mônica! Famosos em tiras de jornais e gibis há mais de sessenta anos, os carismáticos personagens de Maurício de Sousa estão crescendo e amadurecendo nas telonas em “Turma da Mônica: Lições”, longa-metragem de Daniel Rezende inspirado na graphic novel de Vitor Cafaggi e Lu Cafaggi.
O filme mostra uma evolução natural após os acontecimentos de “Laços”. Com as crianças já maiores, novos desafios vêm à tona, entre eles o medo de crescer e ter que deixar algumas coisas no passado, como brinquedos e amizades.
Ao mesmo tempo que Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali precisam aprender lições sobre o amadurecimento, passam a ensinar aos pais lições sobre tolerância, confiança e perdão, ou seja: o ensinamento é mútuo no decorrer do filme.
Como sempre, o ponto de partida da história é um “plano infalível” do Cebolinha, que tenta salvar a turma de um problema escolar. Assim como nos quadrinhos, o plano falha e cria uma série de desdobramentos dolorosos para a turminha, dando início às “lições” do título.
A partir deste ponto, o universo de Maurício de Sousa é expandido e somos apresentados a personagens famosos nos quadrinhos, mas que quase nunca dão as caras em adaptações para a TV ou cinema: Do Contra, Nimbus, Franjinha, Marina, Milena, Dudu e os mais “grandinhos”: Tina, Pipa, Zecão e Rolo. Destaque também para o “vilão” Tonhão, um daqueles moleques fortões que adoram perseguir nossos amigos. Ele vai encontrar um oponente à altura.
Repleto de referências ao universo criado por Maurício, o público facilmente irá reconhecer os elementos em cena, seja em um bordado numa mochila, seja num enfeite em um quarto: os ícones criados ao longo de mais de seis décadas estão por lá.
Outro ponto a ser destacado é a adaptação do clássico Romeu & Julieta, durante o filme. A peça de William Shakespeare foi a base para uma adaptação animada lançada em 1979. Desde então, a Turma da Mônica já explorou a história diversas vezes em quadrinhos e musicais. Nada mais justo que reutilizar o tema nesta versão live-action.
Dois divertidos momentos incluem as participações especiais de Maurício de Sousa, como atendente da cantina da escola e Mônica Sousa, como a bibliotecária. São cenas curtas, mas engraçadas.
Se o filme peca em algum aspecto é, talvez, na forte expansão da “Mônicaverso”, o que faz com que vários personagens apareçam na tela, mas sem uma história para contar: Humberto, Tina, Zecão, Pipa e Rolo acabam subutilizados.
No campo dos mascotes, apenas Sansão ganha destaque. Floquinho, causa da aventura no primeiro filme, é apenas citado e Mingau e Bidu fazem rápidas aparições, mas praticamente sem função na trama.
Seguindo os eventos de “Laços”, os quatro protagonistas precisam enfrentar seus maiores medos e dificuldades: Cebolinha passa a se tratar com uma fonoaudióloga; Magali precisa lidar com a ansiedade e compulsão por comida; Cascão ficará cara a cara com a água; e Mônica precisa entender que não dá pra controlar todos ao seu redor.
Enquanto isso, os pais precisam aprender que seus filhos tem vontades próprias e que uma simples proibição é, muitas vezes, o maior dos problemas.
A reconstituição cenográfica do filme é perfeita: em diversos momentos, parece que estamos vendo as casinhas das revistinhas, algo não tão explorado no primeiro filme, mas que foi aperfeiçoado nesta sequência.
Para encerrar, vale prestar atenção para o “gancho” deixado no fim, numa ceninha pré-créditos (sim, ela vem antes dos créditos, hehehê) e que apresenta um dos personagens caipiras mais amados do Brasil (pegou a dica?).
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Cotação por ossos: 9,5
