Lembranças do inferno: Uma longa análise de “Sexta-Feira 13” e “A Hora do Pesadelo”

Jason e Freddy foram a cara dos anos 1980 e ainda hoje mantêm uma legião de fãs

Antônio Pedro de Souza

O artigo a seguir é dedicado ao jornalista e cineasta Felipe M. Guerra, que influenciou este trabalho.

Falar sobre “Sexta-Feira 13” e “A Hora do Pesadelo” não é um trabalho fácil. Há anos planejo e, ao mesmo tempo, desisto de iniciar um longo artigo sobre os filmes que marcaram uma década, influenciaram dezenas de outros trabalhos e apresentaram ao mundo dois dos maiores vilões do cinema de terror: Jason Voorhees e Freddy Krueger. Por que desejo falar sobre eles há anos? Pra começar, porque os personagens fizeram parte da minha infância. Aliás, eles fizeram parte da infância e adolescência de muita gente que nasceu e cresceu nas décadas de 1980 e 1990. Tudo bem que, quando eu nasci (1989), a maior parte da história de ambos vilões já estava escrita – isto é, filmada. Ainda assim, a influência dos dois para minha geração é inegável. E por que sempre desisto de iniciar esse artigo? Pela complexidade do tema, obviamente. Quero dizer: Pretender traçar uma análise sobre os filmes de Jason e Freddy é um trabalho grande, árduo, complexo. Piora depois do crossover Freddy x Jason, em que as séries se cruzam. Não dá pra tentar falar sobre os filmes em um texto com menos de 1000 palavras. Então, que me perdoem os leitores da internet, acostumados a textinhos curtos e com informações rápidas, estilo “fast-food”, mas não é minha intenção escrever sobre esses dois ícones oitentistas em poucas linhas. E aí entra o trabalho de Felipe M. Guerra, jornalista e cineasta do Rio Grande do Sul, que influenciou positivamente esse trabalho há, mais ou menos, 13 anos.

UMA LONGA INTRODUÇÃO:

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Eu mesmo, Antônio Pedro de Souza, em agosto de 2007

Sobre ter 18 anos, ser cinéfilo e descobrir um mundo de informações sobre seus filmes preferidos…

Para quem, assim como eu, cresceu nos anos 1990, e tomou gosto por filmes desde muito cedo, sabe que não era fácil ter acesso a uma diversidade cinematográfica como acontece nos dias atuais. Para começar, serviços de streaming eram inexistentes, TV por assinatura era um luxo somente para quem tinha muito dinheiro e mesmo o videocassete dependia de um investimento que, geralmente, não podíamos pagar. Ir ao cinema também era um programa que costumava custar caro… Assim, na grande maioria das vezes, tínhamos que esperar um filme passar na TV aberta. Eu cresci nesse cenário, assistindo a várias produções exibidas na Sessão da Tarde, da Rede Globo e do Cinema em Casa, do SBT. Também algumas produções mostradas na Tela Quente, da primeira emissora. O SBT exibia até bastante coisa do gênero “terror” no Cinema em Casa: minhas primeiras lembranças dessa sessão são “O Ataque das Aranhas Gigantes” e “O Homem Cobra”. De Tela Quente, lembro da primeira exibição de “Brinquedo Assassino”, em 1993, quando eu tinha apenas 4 anos. Grande consumidora de filmes de terror em sua juventude, minha mãe, dona Vicença, supriu minha imaginação na infância quando o assunto eram sucessos do gênero. Foi por intermédio dela que conheci alguns personagens icônicos. Ela me contava os filmes que havia visto nos anos anteriores a eu nascer.

Em 1997 compramos nosso primeiro videocassete e um novo horizonte cinematográfico se abriu para mim: agora, além das tradicionais sessões na TV, eu poderia, pelo menos quinzenalmente – o que o nosso orçamento permitia na época – alugar filmes para assistir. Em geral, era um ritual em nossa família: Sexta-feira, depois da aula, ou no sábado pela manhã, íamos à videolocadora do bairro e alugávamos, em geral, três fitas: uma para cada um. O engraçado é que os gostos eram bem peculiares nesta época. Minha mãe tinha preferência pelos clássicos desenhos animados da Disney ou alguma fita de comédia; meu pai escolhia os icônicos filmes do Mazzaropi ou fitas musicais, geralmente estreladas por astros da música sertaneja brasileira, como “O Menino da Porteira” e eu corria para a sessão de terror, para olhares surpresos da atendente da loja, que sorria – de certo modo, assustada – quando via o pirralho Antônio Pedro, de apenas 8 anos, carregando alguns títulos estranhos nas mãos, rumo ao caixa. Desta época, recordo de assistir “O Inominável”, “Hellraiser” e alguns episódios da série televisiva “Sexta-Feira 13”, por exemplo.

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Aliás, pelos motivos citados acima, assistir filmes numa ordem minimamente correta nos anos 1990, era uma tarefa praticamente impossível. Em geral, as emissoras não os exibiam na ordem de lançamento (e continuam – em sua maioria – fazendo isso) e achar uma série de filmes completa em uma locadora, era quase impensável. Ainda mais se tratando de séries longas como “Sexta-Feira 13” e “A Hora do Pesadelo”. Assim, dependíamos da existência de uma ou outra fita nesses espaços e da exibição de um ou outro filme na TV. Assisti-los em ordem, como podemos fazer hoje graças aos lançamentos em DVD/Blu-Ray e streaming, era um luxo impensável.

Talvez por isso, muitas vezes comecei vendo filmes pela “parte 2”. Com “Sexta-Feira 13”, no entanto, comecei pela última! Aliás, comecei com um episódio da série televisiva – que nem tem o Jason. Fomos à videolocadora e vi a capa “Sexta-Feira 13 – O Legado – Volume III” e associei, automaticamente, ao terceiro filme da série. Pior: Por não saber que se tratava de uma série de TV, ainda pulei – isto é, adiantei a fita – sobre o primeiro episódio, intitulado “Fábula Assassina”, só assistindo ao episódio seguinte: “O Espantalho”. Na história em questão, um espantalho é “invocado” por uma pessoa para decapitar alguns “inimigos”. Durante muito tempo associei a imagem do espantalho ao próprio Jason. Esse mal entendido só se desfez cerca de uma década depois, quando assisti ao verdadeiro “Sexta-Feira 13 parte 3”.

Aluguei esta fita no primeiro fim de semana de abril de 1997 – cerca de dois meses após a compra do nosso videocassete. Na “Tela Quente” daquela semana foi exibido “O Anjo Malvado”, com Macauley Culkin. Lembro disso porque planejava rever a fita do “Jason” à noite, mas minha mãe queria ver o filme do “Kevin” versão homicida. Fui dormir com raiva, embora também tenha gostado do filme de Tela Quente.

Pouco mais de um ano depois, “Jason Vai Para o Inferno” foi exibido em Tela Quente e eu pude ver. O interessante é que, neste caso, foi feita uma operação logística envolvendo um vizinho. Eu havia passado mal na segunda-feira e meus pais tinham uma regra: eu podia ver filmes de terror sempre que quisesse, mas se eu estivesse doente, deveria me poupar. Como passei mal naquele dia, era impensável ficar acordado até tarde para ver o filme. Um vizinho, amigo da família, pediu para que a irmã dele gravasse o filme. Assim que eu melhorei, ele me emprestou a fita. No fim de semana seguinte à exibição na TV, assisti ao Jason indo para o inferno umas três vezes!!! Hoje, sei o quanto esse filme destoa da cronologia (e da mitologia) da série, mas para aquele garotinho de 9 anos, era um filme lindo em que o grande vilão Jason (apresentado por sua mãe, por meio das várias memórias da juventude) aparecia e fazia um grande estrago em suas vítimas!

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Cena de “Jason Vai Para o Inferno”, exibido em “Tela Quente”

Depois da parte 9, não consegui ver mais nada do Jason por, pelo menos, um ano e meio. O engaçado é que tínhamos em casa um catálogo da extinta Teka videolocadora (sensação na região comercial do Barreiro, em Belo Horizonte) e eu ficava lendo os nomes dos filmes e imaginando as cenas. Não entendia os motivos de haver duas “últimas partes” para a série: Capítulo Final (Parte 4) e Última Sexta-Feira (Jason Vai Para o Inferno). Quando a RedeTV! foi inaugurada e começou a exibir a TV Terror, sessão semanal de filmes de terror nas noites de sexta-feira (posteriormente, aos sábados), é que consegui assistir a mais alguns filmes do Jason. Mais uma vez, fora de ordem: vi a parte 5 (Um Novo Começo), a parte 8 (Jason Ataca Nova York) e, se não me falha a memória, a parte 4 (Capítulo Final). Quando Jason X saiu em VHS (já num período de lançamentos também em DVD), aluguei a fita numa outra locadora aqui perto de casa (um abraço pro sr. Sérgio, da extinta “Bruno’s Vídeo”). Foi o primeiro filme que loquei na loja dele. E senti uma grande decepção depois, porque o tão esperado “upgrade” do Jason só acontece a poucos minutos do fim.

Paralelo a isso, também fui apresentado a Freddy Krueger numa exibição antiga da parte 6 na Tela de Sucessos do SBT. Na verdade, não vi todo porque achei entediante antes de chegar à metade. Depois, vi a parte 1 em 2001, um trecho da parte 7 em algum momento entre 2001 e 2003 e, finalmente, a parte 6 inteira na sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004. No sábado, 14, fui à citada locadora do Sérgio e, para minha surpresa, tinha acabado de chegar em VHS “Freddy x Jason”. Filme que almejava assistir desde o lançamento nos cinemas em 2003.

Aqui vale outra explicação técnica: Ganhei meu primeiro computador aos 14 anos, em 2003. A internet discada só me permitia o uso aos sábados, depois das 14h, domingos e feriados nacionais. A opção “usar depois da meia-noite de segunda a sexta” era impensável, já que eu estudava pela manhã. Assim, esperava ansiosamente os sábados, após às 14h para, com muita dificuldade (isso é, muita queda de pulso telefônico) navegar (quase “remar”, né?) pela internet. Foi aí que o lado cinéfilo começou a aflorar e descobri o site “Omelete” (por causa de “Freddy x Jason” e “Maria, Mãe do Filho de Deus”), sensações do momento em meados de 2003…

No começo, o Omelete disponibilizava trailers de filmes para downloads e lembro de baixar o trailer dos filmes citados aí acima e assisti-los “trocentas” vezes.

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Freddy “busca” Jason no inferno…

Pois bem, depois de assistir a “Freddy x Jason”, ainda no fim de fevereiro de 2004 compramos nosso primeiro aparelho de DVD, o que me ajudou bastante com meus vícios de cinéfilo. Pra começar, além da locadora do Sérgio, fiz cadastro em nada menos que seis outras videolocadoras na região em que moro. Uma delas, a “Rex Locadora”, ficava no centro de Vespasiano, caminho entre o colégio Machado de Assis, local em que cursei o ensino médio, e o ponto em que pegava o ônibus todos os dias para voltar pra casa. Nesta locadora eu gostava de pegar os chamados “pacotões de filmes”, isto é: aproveitava a proximidade das férias escolares ou feriados prolongados e pegava de oito a dez filmes. Eles me deixavam ficar entre 7 e 10 dias e eu via as mais diversas produções.

Voltando a Freddy e Jason, depois de assistir as partes 9, 5, 8, 4 e 10 de Sexta-Feira 13 e assistir às partes 1, 6 e trecho da 7 de “A Hora do Pesadelo”, além de “Freddy x Jason”, passei um tempo sem ver nada de novo dos dois vilões. Os anos passaram, eu fiz dezoito anos e arrumei meu primeiro emprego: Operador de Telemarketing na Contax (quem nunca?!, hahahá). Na verdade, em 2007, a empresa oferecia um treinamento de um mês, podendo nos contratar ou não (dependia do nosso aproveitamento). Nesse período, eu saía de casa às 6h da manhã, em Vespasiano, chegava ao Centro de Belo Horizonte às 6h50, seguia a pé pelas avenida Olegário Maciel e Augusto de Lima até esquina com a Rua Barbacena, onde havia o prédio da Faculdade Metropolitana, local de treinamento da Contax. Saía de lá às 17h e voltava ao Centro, onde fazia um cursinho pré-vestibular. Saía do curso às 22h (22h20 às terças-feiras) e voltava pra casa. Na penúltima semana de treinamento, fiz inscrição para o vestibular de abril da Faculdade Pitágoras e fui aprovado. Assim, iniciei oficialmente meus estudos no curso de Letras na segunda-feira, 07 de maio de 2007, e comecei  a trabalhar oficialmente como atendente do 10331 (atendimento Oi) na terça-feira, 08 de maio de 2007.

E por qual motivo estou narrando esta linha do tempo imensa? Simples: porque se não fossem essas cadeias de acontecimentos, provavelmente eu não teria conhecido o trabalho do Felipe M. Guerra e não teria descoberto tantas coisas mais sobre Jason, Freddy e cia. E vocês, provavelmente, não estariam lendo isso hoje.

Vamos lá: naquela época, a Contax era conhecida por seu grande poder de contratação, mas organização com horários de funcionários não era seu forte. Trabalhávamos seis horas e quinze minutos (depois alterado para seis e vinte) por dia, horário fixo, de segunda a sexta e aos sábados, domingos e feriados, podíamos pegar serviço duas horas mais cedo ou mais tarde. Pelo menos na teoria, pois na prática fui “empurrado” diversas vezes para os domingos, às 18h…

Pois bem, outro ponto é que o nosso horário era mudado uma vez por mês. Assim, na semana final de cada mês uma lista era divulgada, na qual poderíamos mudar de equipe e horário. Tal mudança, em geral, não era maior a uma hora, mas como verão neste relato, isso não era uma regra muito seguida.

Eu comecei num horário relativamente tranquilo naquele 8 de maio: Das 14h às 20h15. Assim, saía de casa às 6h, entrava na faculdade às 7h30, saía da faculdade às 11h10, seguia a pé para o trabalho (mais ou menos 45 minutos de caminhada “lenta”), almoçava, revisava alguma coisa da faculdade e, pontualmente às 14h, “logava”, isto é, começava a trabalhar. Saía às 20h15, corria para o Centro, pegava o ônibus das 20h45 e chegava em casa às 21h30. Geralmente.

Quando junho chegou, tive minha primeira mudança de horário: Passei a pegar serviço às 13h40 e a largar às 20h. Os cinco minutos a mais vieram por conta de uma lei que passou a obrigar as empresas de telemarketing a darem vinte minutos de “almoço” aos funcionários, em vez dos quinze oferecidos antes. Em meados de junho, veio a “bomba”: Os funcionários novatos (eu, nesse meio), teriam seus horários e equipes totalmente alterados: alguns de nós foram enviados para a faixa das 16h40, saindo da empresa às 22h50. Os dez minutos a menos era por conta de uma outra lei que permitia abater dez minutos para cada hora trabalhada entre 22h e 6h.

Assim, minha nova rotina consistia em sair de casa às 6h, entrar na faculdade às 7h30, sair às 11h10, pegar serviço às 16h40, sair às 22h50, pegar um ônibus às 23h15, chegar em casa à meia-noite, jantar, tomar um banho, ir dormir à 1h da manhã, acordar às 5h e começar tudo de novo.

Além do cansaço evidente, havia um segundo problema a ser resolvido: preencher a lacuna ociosa que meu dia passou a ter das 11h10 da manhã até às 16h40. Não dava pra voltar pra casa, pois o preço da passagem aumentaria o orçamento mensal e a demora nos ônibus não compensaria o tempo de deslocamento. Também não dava para ir direto para o trabalho ou, simplesmente, ficar perambulando pelas ruas de Belo Horizonte. Eu era um jovem sem dinheiro, né?

Assim, além da biblioteca da faculdade, descobri o laboratório de informática. Na época, além do portal da faculdade, onde os professores colocavam parte do material, podíamos acessar as pastas físicas, que ficavam no xerox da faculdade. O prédio de sete andares (mais dois subsolos) ficava na Rua dos Guajajaras, região central da capital mineira. Minhas salas eram no segundo andar, o xerox ficava no quarto andar (perto da cantina, secretaria, sala dos professores e coordenação, o laboratório de informática ficava no sexto e a biblioteca ficava no sétimo andar. Pouco depois de iniciadas as aulas, houve uma mudança: embora o xerox permanecesse no quarto andar, a biblioteca passou para o subsolo 1 e o laboratório para o subsolo 2. Os demais andares viraram salas de aula.

Lembro-me de ter entrado correndo uma vez no laboratório para pegar um conteúdo da aula que começaria em poucos minutos e ver um aluno de outro curso perguntando ao técnico responsável pelo lugar sobre um site determinado. Quando ele saiu, aproximei-me e perguntei se os computadores poderiam ser usados para acessar outros sites que não fossem o portal da faculdade. Eu tinha dezoito anos, era meu segundo mês na faculdade, totalmente tímido em meio a um mundo realmente novo pra mim. Ele me respondeu que, com exceção de alguns sites, sim, eu poderia usar os computadores. E, sim, poderia ficar depois da aula para usá-los. Exceto quando algum professor reservasse o laboratório para dar alguma aula.

Então, todos os dias após as aulas, naquelas quatro horas vagas, eu descia para o laboratório. No começo, resolvi pesquisar sobre filmes de maneira aleatória. Fã que era de algumas sagas, passei a pesquisar sobre “O Massacre da Serra Elétrica”. Na verdade, queria ler um resumo do filme, quando descobri as ligações entre ele, “Psicose” e “O Silêncio dos Inocentes”. Curiosamente, a pesquisa por esses filmes me levaram até um site brasileiro dedicado ao Michael Myers, do Alexandre Sobrino. Fiquei encantado com a quantidade de textos presentes sobre os mais variados filmes, para além, claro, da série “Halloween”. Foi aí que, em meio a uma saga cinematográfica e outra, encontrei dois artigos que, realmente, prenderam minha atenção. Ambos assinados pelo mesmo autor: Felipe M. Guerra. Com um tom irônico, os “dossiês” repassavam todos os filmes das séries “Sexta-Feira 13” e “A Hora do Pesadelo”. O primeiro se chamava “Jason já foi para o inferno (ou como a cobiça enterrou uma série de sucesso)”. O segundo era “Dissecando Freddy Krueger”. Os textos eram imensos, bem do jeito que me atrai a leitura, e continuam muitas informações sobre as franquias, que incluíam um resumo (bem detalhado) de cada filme, uma análise (com certo grau de ironia) e uma seção de curiosidades sobre cada produção.

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O jornalista Felipe M. Guerra e eu, no Cine Humberto Mauro em Belo Horizonte

Aquilo foi um achado! Dia após dia descia para o laboratório a fim de ler (ou reler) tais textos. No fim, salvei os dois dossiês em um arquivo word, imprimi e mandei encadernar. Sério. Estava apaixonado por aquelas linhas. Anos depois, descobri que quando eu os li, de certo modo o próprio autor já os considerava ultrapassado. Isso porque ele os escreveu antes do lançamento de “Freddy x Jason”, acrescentando este último ao dossiê após o lançamento. Ou seja, o Felipe M. Guerra havia sentado horas e mais horas na frente da TV e, depois, na frente do computador para falar sobre filmes mais ou menos naquela época em que eu vi algumas partes de “Sexta-Feira 13” na RedeTV!, anos antes de ter meu primeiro computador!

Os meses passaram, minha rotina no serviço foi alterada de novo. Paralelo a isso, houve relançamentos das duas sagas em DVD aqui no Brasil. A Playarte disponibilizou duas caixas com os filmes de Freddy, a Warner disponibilizou a parte 1 de Sexta-Feira 13, a Paramount disponibilizou as partes 2 a 6 e a própria Playarte disponibilizou as partes 9 e 10. Não encontrei muita coisa sobre as partes 7 e 8…

Comprei o “Sexta-Feira 13” original em algum momento de 2007 e, finalmente, conheci o começo da história. No Natal daquele ano, meu pai me deu a coleção completa do Freddy. Assim, pude rever as partes 1 e 6 e conhecer as demais. Em julho de 2008 comprei as partes 2 a 6 de “Sexta-Feira 13”. Uns dois anos depois, encontrei a parte 9 na loja de conveniências do Ponto de Apoio da Viação Gontijo, região da Pampulha… As partes 7 e 8 continuei sem encontrar e tive que optar por versões da internet mesmo.

Assim, consegui colocar “em ordem” as cronologias de ambas as séries. Para recapitular, de “Sexta-Feira 13”, assisti: as partes 9, 8, 5, 4, 10, Freddy x Jason, 1, 2, 3, 6 e 7. De “A Hora do Pesadelo”, foi: 1, 6, Freddy x Jason, 2, 3, 4, 5 e 7. Mais as duas refilmagens.

Mais uns anos se passaram e, em 2016, mais ou menos, encontrei a encadernação com o material escrito pelo Guerra. O site sobre Michael Myers já havia saído do ar a tempos, eu estava no fim da minha segunda faculdade, agora Jornalismo, e nunca mais tinha encontrado nada sobre o autor daquelas páginas. Em parte, por causa de uma traição da memória: Eu sempre procurava “Felipe Sobrinho”! Quando encontrei os textos numa caixa do meu quarto, vi o nome correto e o procurei nas redes sociais. Encontrei um perfil no Facebook, tomei coragem e o chamei. Apresentei-me e perguntei se ele era o autor dos textos. Ele confirmou e disse que aquilo já fazia muito tempo. Resumi essa longa história aqui narrada e passamos a conversar esporadicamente. Em 2018, ele veio a BH comentar uma sessão do filme “A Próxima Vítima”. Fui até lá, consegui entrevistá-lo e lhe mostrei os textos impressos e encadernados. Pedi seu autógrafo e, hoje, a encadernação está na minha estante, ao lado dos meus livros. Depois de rever todos os filmes do Jason e do Freddy, resolvi que era a hora de eu também fazer uma análise detalhada sobre cada um deles.

Como disse lá no começo, a análise não será breve (essa “introdução” já beira as sete páginas e ultrapassa as 3 mil palavras). Mas se, no futuro, essas linhas puderem ajudar um outro jovem interessado em cinema, como os dossiês do Guerra me ajudaram, então estarei agradecido.

Assim, a partir do próximo tópico, começo a, finalmente, falar sobre o legado sangrento de dois dos maiores vilões do cinema de terror dos anos 1980: Jason Voorhees e Freddy Krueger.

Continua aqui

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