Isabela Prado fala sobre a importância do projeto que permite um mapeamento dos cursos d’água da capital
Sob diversas ruas e avenidas de Belo Horizonte correm – ou já correram – rios e córregos. Com a expansão urbana, muitos deles foram “engolidos” pelo asfalto, mas vez ou outra – principalmente em época de chuva – transbordam e lembram à população de que estão ali, correndo sob nossos pés. Pensando na importância da preservação desses cursos d’água, a artista plástica Isabela Prado idealizou o projeto “Sobre o Rio”, que integra a pesquisa “Entre Rios e Ruas”. O mapeamento conta com cerca de 230 placas e precisou ser interrompido por causa da pandemia de COVID-19 em março. Agora, com a retomada gradual das atividades e seguindo os protocolos de segurança, o projeto está de volta para a instalação das últimas 33 identificações entre os dias 19 e 20/11.
Isabela comenta a importância dessa identificação dos rios: “Essa sinalização permite um mapeamento abrangente de vários pontos de interseção entre rios e ruas na região central da capital, com o objetivo de dar visibilidade a esses córregos, vistos aqui como patrimônio natural da cidade”, explica. Além de ser a idealizadora do projeto, ela também coordena e acompanha a instalação das placas. Nesta etapa, o processo terá o acompanhamento do curador do projeto, o historiador da arte Josué Mattos, que vem a Belo Horizonte especialmente para a ocasião. Todo o processo passa por registro de foto e vídeo e, numa próxima etapa, será publicado em livro.
O projeto “Sobre o Rio”, nº 0118/2017, foi aprovado no Edital 2017 oriundo da Política de Fomento à Cultura Municipal (Lei nº 11.010/2016). Conta com o patrocínio do BDMG e da Uni-BH. As placas de sinalização dos córregos serão instaladas permanentemente nas mesmas balizas que carregam a sinalização de ruas e avenidas, tendo as mesmas especificações das placas de rua já existentes. Trata-se, assim, de uma intervenção permanente na cidade, tendo obtido autorização da Subsecretaria de Planejamento Urbano para sua execução. Inicialmente, o projeto mapeia três sub-bacias principais, Córrego da Serra, Córrego do Leitão e Córrego Acaba-Mundo, afluentes do Ribeirão Arrudas e que estão dentro do perímetro da Avenida do Contorno. “Belo Horizonte possui inúmeros córregos em todo seu território. O desejo é sinalizar toda a cidade, mas por uma limitação orçamentária esta primeira fase do projeto identifica os córregos dentro do perímetro da Contorno, núcleo do planejamento original da cidade. A ideia é continuar enviando projetos para aprovação em Leis de Incentivo ou buscar outras fontes de recursos para ampliarmos as ações”, conta Isabela Prado.
___
Foto: Aline Xavier e Roberto Bellini