Cineasta criou o lendário personagem Zé do Caixão
Antônio Pedro de Souza
Começo de noite triste para o cinema brasileiro: morreu nesta quarta-feira, 19, o cineasta José Mojica Marins, criador do personagem Zé do Caixão.
Mojica tinha 83 anos e estava internado para tratar de uma broncopneumonia. O artista é considerado o “pai” do cinema de terror brasileiro, tendo contribuído de forma imensurável para a produção cinematográfica nacional.
Nascido em 13 de março de 1936, Marins criou o personagem a partir de um pesadelo. Josefel Zanatas inicia sua trajetória cinematográfica em “À Meia-Noite Levarei Sua Alma”. No longa, o coveiro mata sua esposa e depois descobre que ela estava grávida. Tomado de um incontrolável remorso, ele passa a procurar por uma mulher perfeita que lhe dê o filho perfeito. Com métodos nada ortodoxos, Zanatas passa a sequestrar diversas mulheres, mas não encontra nelas as qualidades que tanto procura. Passa, também, a não acreditar mais em Deus e Diabo, sentindo-se como o único pilar capaz de julgar o certo e o errado. Oficialmente, o personagem Zé do Caixão voltou à telona nos filmes “Esta Noite Encarneirei no Teu Cadáver” e “A Encarnação do Demônio”, que fechou a trilogia, além de “O Estranho Mundo do Zé do Caixão”, filme que une três curtas-metragens de terror; mas o personagem acabou ganhando vida própria: ao longo das décadas, teve programas de TV e fez pontas em outras produções cinematográficas, como em “Um Show de Verão” (2004).
Entre os programas de TV, merecem destaque: “Além, Muito Além do Além” (1967/68), da TV Bandeirantes; “O Estranho Mundo de Zé do Caixão” (1968), na TV Tupi e “Um Show de Outro Mundo” (1981) na Record. Nesses três programas, José Mojica encenava e narrava histórias de terror. No caso de “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”, o nome foi utilizado também em um longa-metragem e, mais recentemente, em um programa de entrevistas apresentado pelo cineasta e veiculado no Canal Brasil (TV por assinatura). Na década de 1990, Zé do Caixão apresentou a sessão vespertina de filmes “Cine Trash”, na Band.
Além do terror, Mojica também se enveredou por gêneros como faroeste, drama e pornochanchada.