As histórias dos seres humanos sempre são mais ricas, complexas e atrativas do que as histórias de marcas
Com essa máxima em mente, o diretor Thomas Napper entrecorta a reformulação do champanhe por Barbe – Nicole Clicquot (Haley Bennett) e as formas que ela encontra para driblar não só a mentalidade da época, e o rígido embargo aos comerciantes feito por Napoleão, como a dinâmica do casal Clicquot. A protagonista sempre foi vista pelo seu marido como uma enóloga competente e à altura de seus pares, dando a ela apoio e liberdade para suas criações. E nos primeiros flashbacks do casal vemos o amor de François pelos vinhos de sua mulher, ele também a trata como uma igual para a formulação e apuração de suas bebidas.
A forma como François conduz seu negócio a princípio, podem ser considerada como inovadora e progressista pelo contexto da época. Nem mesmo seu pai Phillipe (Ben Miles) aprova a forma com gerência sua vinícola. É François quem diz a Barbe para cantar para as videiras, para que as uvas cresçam sabendo que são amadas. O diretor ao longo da história vai nos deixando pista da condição mental fragilizada de François. Contudo, após a sua morte, é Barbe quem diz a seus empregados que o plantio das videiras deve ser mudado de lugar, pois “quando lutam para sobrevier, tornam mais dependentes da próprios forças’’ e conclui: “Elas se tornam mais do que deveriam ser”.
Não só as videiras tornam o deveria ser como a própria madame Clicquot. Após o funeral de seu marido, é que Barbe toma conhecimento das intenções de seu sogro em vender sua propriedade para Claude Moet. Quando os amados vinhedos, que eram a força vital dos sonhos e ambições de François, correm o risco de serem meros ativos em uma aquisição comercial, a viúva informa que irá defender e honrar o legado de seu falecido amado. Ao não vender a propriedade, a protagonista encontra uma forma de enfrentar o próprio luto.
Haley Bennett deu profundidade e nuances entre a viúva em luto e a mulher de determinação implacável e visionária. Confrontando as expectativas sociais e os desafios de uma indústria dominadas por homens, a jornada da personagem é de resiliência, inovação e um testemunho ao poder do amor e da ambição.
A Viúva Clicquot tem tudo para agradar os amantes: da bebida Champanhe; das histórias de romance; dos filmes de cinebiografia; e também dos amantes de filmes sobre empreendedorismo.

Protagonizado por Haley Bennett e dirigido por Thomas Napper, o filme A Viúva Clicquot apresenta a história de Barbe-Nicole Clicquot – viúva de 27 anos que depois da morte prematura seu marido François – desrespeita as convenções legais e assume os negócios de vinho que mantinham juntos. Sem apoio, ela passa a conduzir a empresa e a tomar decisões políticas e financeiras desafiando todos os críticos da época ao mesmo tempo em que revolucionava a indústria de Champagne ao se tornar uma das primeiras empresárias do ramo no mundo. Hoje, a marca Veuve Clicquot é uma das mais reconhecidas e premiadas do setor e sua ousadia já a sustenta por 250 anos de história.
Cotação por ossos: 5,0

