Crítica: Sorry, Baby

Um filme sobre traumas e recomeços

Antônio Pedro de Souza

“Sorry, Baby”, longa de Eva Victor, apresenta uma mulher em busca de um recomeço após sofrer um trauma físico e psicológico. Engana-se, porém, que o filme pretende ser melancólico ou arrastado ou, “simplesmente”, centrado no trauma sofrido pela personagem Agnes (a própria Eva Victor).

Pra começar, o abuso sofrido pela personagem não é algo repentino, que ocorre na cena inicial. Há toda uma construção da sequência, uma preparação do público para este delicado momento. No ato inicial do longa, conhecemos Agnes e seu círculo de amigos e colegas de estudo e profissão.

Então, a tensão cresce lentamente, mostrando que o perigo pode ter faces “agradáveis” e até “confiáveis”. É neste ponto, após meia hora de filme, que Agnes sofre o abuso que não é mostrado na tela. A diretora opta aqui por um delicado jogo de luzes em uma curiosa tomada: A casa onde acontece o crime é vista por fora com o céu escurecendo e as luzes se acendendo lentamente. Com o céu completamente escuro e as luzes totalmente acesas, Agnes sai da casa em choque.

A partir daí, entra em cena o segundo ato: Agnes busca por justiça pelos meios legais o que, sabemos, não é fácil. Aos poucos, este ato vai deixando o crime para trás e afastando, também, as pessoas mais próximas da protagonista.

Afinal, todos precisam seguir com suas vidas.

No terceiro ato, Agnes resolve, também, seguir em frente: não que ela tenha esquecido do abuso ou de sua possível vingança. Mas percebe que precisa se reinventar e se redescobrir para se salvar. Abre as portas para um novo relacionamento e encaminha para um final prazeroso, delicado.

Atente-se para a cena da banheira, já perto do fim do filme. Aqui, a direção e o roteiro brincam com as complexidades das relações humanas, trazendo clichês e estereótipos aos quais ninguém está isento. É uma abordagem leve, divertida e emocionante que merece ser apreciada com atenção.

O filme não traz grandes novidades sob o ponto de vista narrativo ou de câmera, nem uma trilha sonora impactante. Mesmo assim é um filme confortável de assistir, mesclando drama, humor e romance nas medidas certas.

Um boa produção para se assistir num dia de chuva, com uma xícara de café, uns biscoitos de polvilho ou bolinhos de chuva. E que depois de terminar, ainda vai te fazer pensar bastante sobre a vida…

***

Cotação por Ossos:

9,0

Deixe um comentário