Documentário sobre a gravidez de um casal trans recebe prêmios e escancara o preconceito da sociedade
Um casal trans à espera do primeiro filho. Este é o ponto de partido de “Apolo”, longa de Tainá Müller. O filme narra as experiências reais do casal Lourenzo e Ísis, que se conheceu durante a pandemia de COVID e, agora, espera um bebê. Durante a gestação, eles resolvem fazer um filme para contar ao filho, Apolo, todos os momentos da gravidez.
Lourenzo, homens trans, carrega do ventre o fruto do seu relacionamento com Ísis, mulher trans. Mas, se a família de Ísis dá todo o apoio necessário para a gestação, a sociedade em geral trata o casal com preconceito. O primeiro e mais emblemático caso, ocorre quando Lorenzo tenta fazer um ultrassom e é vítima de transfobia. A situação é tão tensa, que Lourenzo tem um grave sangramento, chegando a pensar que perdeu o bebê. Apenas um mês após esse episódio é que o exame é feito e o casal decide trocar Sergipe por São Paulo, para seguir com o tratamento pré-Natal.
Neste momento, o filme passa a focar na despedida da família de Ísis e nos preparativos para a mudança, repleta de incertezas e inseguranças, apesar de cercada de esperanças. E, então, o reencontro de Lourenzo com sua mãe, depois de três anos distantes.
A vida nova em São Paulo também vem repleta de desafios, tanto sociais, quanto pessoais, para Lourenzo e Ísis. A começar pela proximidade com o parto e um dilema íntimo do casal: de que forma o bebê será amamentado? Enfim, o documentário fica mais denso à medida que o parto se aproxima, mostrando toda a experiência do casal, perante à expectativa da chegada de Apolo.
A atriz Tainá Müller estreia na direção de longas-metragens com este projeto. “Durante meu tempo como repórter da MTV, sempre buscava trazer alguma poesia para as reportagens que fazia sobre música, mas os vinte anos que me dediquei inteiramente à carreira de atriz acabou deixando para trás essa minha raiz no audiovisual. Durante a pandemia foi justamente quando essa inquietação de contar histórias de forma mais autoral voltou a ‘bater na minha porta’”, conta Tainá.
Após a sua première nacional na última edição do Festival do Rio, onde foi premiado nas categorias Melhor Longa-Metragem Documentário e Melhor Trilha Sonora Original, realizada pelo músico Plínio Profeta, “Apolo” recebeu dois importantes reconhecimentos no 33º Festival MixBrasil de Cultura da Diversidade, com cerimônia de premiação realizada na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo: o Coelho de Prata (Prêmio do Público) de Melhor Longa Nacional e uma Menção Honrosa do Júri na categoria de Melhor Longa-Metragem, reforçando sua força, relevância social e impacto emocional.
O longa-metragem é um retrato necessário sobre como o preconceito enraizado na sociedade, pode criar dilemas e empecilhos para algo tão corriqueiro como uma gravidez. É necessário refletir sobre o quão somos intolerantes em relação aos direitos básicos dos outros. E como precisamos mudar nossa mentalidade.
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Cotação por ossos:
9

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Ficha Técnica:
Produção: Capuri, Biônica Filmes e Puro Corazón
Produtores: Bianca Villar, Eduardo Rezende, Fernando Fraiha, Henrique Sauer, Karen Castanho, Tainá Müller e Thiago Mascarenhas
Produtores Associados: João Macedo, Plínio Profeta
Direção: Tainá Müller e Isis Broken
Argumento e Idealização: Tainá Müller
Roteiro: Tainá Müller, Tatiana Lohmann, Isis Broken, Lourenzo Duvale
Direção de Fotografia: Nico Mascarenhas
Montagem: Tatiana Lohmann
Som Direto: Clara Cavalcante, Gustavo Ruggeri, Juliana Chotte, Isis Araújo
Supervisão de Edição de Som: Miriam Biderman, ABC
Desenho de Som e Mixagem: Ricardo Reis, ABC
Música Original: Plínio Profeta
Coordenação de Pós-produção: Beto Bassi
Colorista: Samanta do Amaral, ABC, DAFB
Produção Executiva: Isa Colombo, Denise Fait
Produção de Distribuição: Barbara Sturm
Distribuição: Biônica Filmes
Ano de Produção: 2025
Gênero: Documentário
Duração: 82 minutos
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Galeria de Fotos:





