Uma celebração emocionante da amizade
“Wicked: Parte 2” emerge como uma continuação encantadora e profundamente emocional do musical adaptado para o cinema, dirigido por Jon M. Chu. Baseado na obra de Gregory Maguire e no roteiro de Winnie Holzman, o filme mergulha nas raízes da história de Oz, explorando temas universais como amizade, lealdade e os sacrifícios que fazemos por aqueles que amamos. Embora seja uma adaptação fiel ao palco, que traz consigo algumas limitações narrativas, sua magia visual e impacto emocional o tornam uma experiência inesquecível, capaz de arrancar lágrimas e reflexões sobre os laços humanos.
A narrativa, embora agradável e fluida, sofre com a fidelidade excessiva à peça teatral. Na primeira parte, fica todo o desenvolvimento dos personagens principais, deixando a Parte 2 com uma sensação de “lembranças revisitadas”. A passagem do tempo não é explicitamente narrada, forçando o espectador a conectar os pontos e distinguir a ordem cronológica dos eventos. Isso pode confundir quem não está familiarizado com a trama original, criando um ritmo que às vezes parece fragmentado. No entanto, essa abordagem não diminui o encanto geral; ao contrário, ela reforça a ideia de que a história é contada através de memórias, adicionando uma camada poética que dialoga com o tema central.
Onde o filme realmente brilha é na sua capacidade de emocionar. Resumido em uma palavra: amizade. Esse é o ponto de partida e o fio condutor que permeia as mais de duas horas de duração, fazendo com que o público se conecte profundamente com as personagens. A amizade entre Elphaba e Glinda é o coração pulsante da trama, explorando até onde podemos ir para proteger o que amamos, mesmo diante de adversidades e dilemas morais. É uma jornada que pega o espectador pela emoção, transformando o filme em algo especial e lindo, que encanta do início ao fim.
As atuações são um destaque absoluto. Cynthia Erivo e Ariana Grande entregam performances belíssimas, com uma química palpável que nos faz sentir a conexão entre Elphaba e Glinda como se fossem reais. Suas vozes nas canções são um deleite, elevando momentos musicais a patamares sublimes. A música “For Good”, em particular, é um marco emocional, uma interpretação que, para muitos, pode ser a mais comovente da sessão, provocando lágrimas e reflexões sobre perdas e laços eternos. O elenco de apoio, incluindo Michelle Yeoh e Jeff Goldblum, adiciona camadas de profundidade, tornando o mundo de Oz ainda mais vibrante.
Visualmente, o filme é de tirar o fôlego. A direção de arte, consistente com a primeira parte, cria cenários deslumbrantes, desde os palácios de Oz até as paisagens mágicas, utilizando efeitos visuais impressionantes que não decepcionam. A produção musical, com arranjos orquestrais ricos, complementa essa imersão, fazendo com que cada cena pareça viva e envolvente.
O final, sem spoilers, fecha a história de forma impecável, oferecendo uma resolução que pode dividir opiniões. Para alguns, é o clímax perfeito que resume tudo o que a narrativa propõe; para outros, pode parecer controverso. Independentemente disso, ele reforça o tema da amizade como força motriz, dando à trama o único encerramento possível, um que honra a essência do musical original.
No geral, “Wicked: Parte 2” é uma obra-prima emocional, imperfeita em sua adaptação, mas irresistível em sua magia. Recomendo para fãs de musicais, histórias de fantasia e reflexões sobre relacionamentos humanos. É um filme que não apenas diverte, mas também toca o coração, provando que, às vezes, a verdadeira magia está nos laços que formamos. Uma experiência que vale cada lágrima derramada.
Cotação por ossos: 9,0

Confira a galeria de fotos da pré-estreia em Belo Horizonte:
(O Projeto Lumi foi ao evento a convite da Espaço/Z. Crédito das fotos: Fábio Gomes)






