Mais que uma história sobre mocinhos e vilões ou, ainda, mais que uma história sobre “cabra macho”, “O Último Rodeio” acompanha um drama familiar com pinceladas de nostalgia e fortes doses emotivas.
É importante ressaltar que a figura do cowboy (e no Brasil do peão de rodeio) é sempre associada à masculinidade e virilidade (algumas vezes beirando à toxidade) e que funciona para externar um papel de homem “Bruto, Rústico e Sistemático” (vide canção da dupla João Carreiro e Capataz).
E é assim há séculos, passando por leves variações em diferentes culturas. Basta lembrar, por exemplo, do caso do “Cowboy da Marlboro”, em que um homem com trajes típicos era o garoto-propaganda da famosa marca de cigarros.
Então, quando se pega essa imagem associada à masculinidade máxima e a subverte, temos uma interessante quebra de padrão, que pode fazer com que as pessoas criem um novo olhar para aquele estereótipo. Foi o que aconteceu no filme “O Segredo de Brokeback Mountain”, onde dois cowboys, vistos por todos como “machões”, têm um relacionamento homossexual.
E, aqui, em “O Último Rodeio”, cai essa figura do “homem que não chora” ou do “bruto” que não se preocupa com a família. No longa-metragem dirigido por Jon Avnet, um montador de rodeio aposentado, conhecido como uma lenda da competição, arrisca tudo para salvar seu neto de um tumor agressivo no cérebro que exige uma cirurgia cara e invasiva que o seguro de saúde da família não cobre.
Ele precisará confrontar feridas abertas e não curadas com parentes com os quais não têm contato há tempos, enfrentar o etarismo associado a modalidades específicas e, ainda, redescobrir sua fé.
Ou seja: é uma miscelânea sobre temas que, muitas vezes são íntimos, mas que afetam o exterior das pessoas. O personagem central pode ser o “bruto” na imagem que precisa passar para o mundo, mas internamente é o “avô sensível” capaz de se sacrificar pelo neto.
Essa dualidade é interessante e vai sendo construída ao longo das quase 2 horas de projeção do filme, trazendo momentos de reflexão, que são suavizados aqui e ali por leves passagens cômicas, usadas para drenar a alta carga dramática/emotiva do filme.
– Artigo em construção –
