O dicionário define distopia como “ideia ou descrição de um país, de uma sociedade ou realidade imaginários onde tudo está organizar uma forma opressiva, assustadora ou totalitário, por oposição a utopia” e nessa realidade imaginária que está inserido o universo de O Último Azul, novo filme do diretor Gabriel Mascaro, que nos apresenta Tereza (Denise Weinberg) que acabou de completar 77 anos e exerce suas funções como operária, mas nessa realidade Tereza precisa abdicar de sua vida e ir para uma colônia onde os mais velhos são levados.
Nesse ínterim, Tereza conta a sua amiga Esmeraldina (Rosa Malagueta) que tem o sonho de andar de avião e que antes de se entregar a colônia ela gostaria de realizar, o aparato do estado é realmente muito opressor de modo que nenhum dito idoso consegue escapar da estadia compulsória na colônia. Ao longo da sua jornada a bossa heróica conta com o apoio de várias pessoas que a ajudam e apresenta novos pontos de vista, uma dessas pessoas é Deco (Rodrigo Santoro) que transporta drogas ao longo do rio, Deco tem o coração partido e aprendeu a viver fora do radar e um sujeito de poucas palavras, até que ele encontra o raríssimo caracol da baba azul que poderes alucinógenos e um oráculo perseguido por muitos.
Seguindo a jornada de Tereza ela encontra Roberta uma imigrante que ganha vida vendendo bíblia num tablet que nunca descarrega, duas juntas vão juntas descobrir o valor da liberdade e da força feminina numa sociedade onde os corpos velhos são tratados como descarte. Visivelmente inspirado em Fuga do Século 23 (1976) dirigido por Michael Anderson onde todo humanos que completa 18 anos e assim passa por um ritual e nunca mais é visto, mas O Último Azul é uma ficção científica brasileira que deve não somente figurar na lista de melhores filmes do ano, mas ficar para a posteridade.
Por fim vale ressaltar que o longa estreia no circuito comercial em 28 de agosto mas já faz uma estreia estrondosa nos filmes mundo afora como o Urso de Prata no festival de cinema de Berlim, também ganhou prêmio no festival de Guadalajara no México e foi o filme de estreia no festival de Gramado.
Tereza nos ensina que nunca é tarde para buscar os nossos sonhos e como bem disse Gilberto Gil “só o mistério poderá nos salvar”, Tereza se jogou no mistério e vivona e vivendo encanta.
