Crítica: Antonio Bandeira – O Poeta das Cores

Documentário mergulha na vida e obra do artista cearense, que ganhou o mundo

Antônio Pedro de Souza

“Decidi realizar um desejo antigo: buscar a história de Antonio Bandeira, meu tio. Viajo no tempo e na memória e a história começa aqui: no fim.” Essas palavras, ditas por Francisco Bandeira, abrem o documentário sobre a vida e a obra de Antonio Bandeira, artista cearense, que buscou em plantas da região, bem como na fundição de seu pai, e conquistou o mundo com suas pinturas.

Ainda cedo, Antonio foi descoberto pelo diretor de um Museu de Arte e, por meio dele, chegou ao conhecimento do cônsul da França no Brasil, que comprou algumas de suas obras e propiciou sua ida a Paris, com uma bolsa de estudos.

Em Paris, Bandeira não se acostumou a nenhuma das escolas de arte, pois, segundo o próprio artista, não gostava de nenhum “ismo”, ou seja, não queria enquadrar sua arte em apenas uma categoria. Passou por várias escolas e, de cada uma, absorveu o máximo que pôde, sem se deixar reduzir por nenhum estilo.

E, assim, seguiu sua formação na capital francesa no difícil, mas promissor, período pós-guerra. Bandeira vai se consolidando, então, como um exímio artista brasileiro em terras estrangeiras.

Com delicadeza poética, Antonio Bandeira: O Poeta das Cores, retrata vida e obra deste artista tão singular e tão completo. Com narração de seu sobrinho e depoimentos de estudiosos e profissionais de diversas artes, o documentário apresenta Antonio e se aprofunda em seu ser, em seus trabalhos e em seu legado.

Com preciosas imagens de arquivo, o filme também fala sobre seu primeiro retorno ao Brasil, no começo da década de 1950 e o impacto cultural que isso causa, já que sua técnica era bem diferente da que era vivenciada aqui.

Recebe duras críticas ao mostrar seu trabalho e é praticamente excluído da Bienal de São Paulo. Ao ganhar um prêmio da FIAT, Bandeira viaja para a Itália, iniciando uma nova fase do seu trabalho.

Assim, entre um período e outro da carreira de Antonio Bandeira, o filme vai passando por sua vida e pela busca de seu sobrinho em desvendar o parente, tão importante para a cultura brasileira.

Além das pinturas, Bandeira também se mostrou à vontade com as letras: seus escritos era cheios de poesia. Bem como, o cinema: participou de, ao menos, dois filmes, além de escrever um roteiro ilustrado.

Na década de 1960, de volta ao Brasil, onde foi, finalmente, reconhecido como o grande artista que era. Inaugurou um museu na Bahia e ficou no Ceará por quase um ano, onde buscou se reconectar com a família e comercializou diversas obras.

Com o Golpe Militar de 1964, Antonio Bandeira resolve se afastar do Brasil. Ele volta à França em busca de uma nova linguagem artística.

Já artista consolidado, ajuda outros artistas a se firmarem na cena cultural até sua precoce morte em 6/10/1967, em Paris.

O documentário acompanha, assim, a fase definitiva da vida/obra de Bandeira. Um mergulho imprescindível para quem ama arte, ama história e deseja conhecer/saber mais deste artista tão singular, tão cearense, tão brasileiro e, ao mesmo tempo, tão internacional.

Um aprofundamento poético, intimista e magistral. Tal como foi Antonio Bandeira e sua imensa obra.

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Cotação por Ossos: 10,0

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Ficha Técnica:

Direção: Joe Pimentel
Produção Executiva: Isabela Veras e Maria Amélia Mamede
Argumento: Lucas Benedetti e Joe Pimentel
Roteiro: Joe Pimentel e Marcus Sá
Direção de Fotografia: Bruno Pimentel
Montagem: Tiago Therrien
Trilha Sonora Original: Hérlon Robson
Som Direto: Fernando Cavalcante, Leo Oliveira e Lênio Oliveira
Mixagem de Som: Erico Paiva (Sapão)
Design Gráfico: Leo Kemps e Dedê Oliveira
Produção: Trio Filmes
Distribuição: Sereia Filmes
País e ano de produção: Brasil, 2024
Duração: 80 min
Classificação: Livre
Formato: 1.85 Flat, 5.1, colorido, DCP 2K

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Cartaz e fotos do filme gentilmente cedidas por Sereia Filmes

Divulgação: Sinny Assessoria e Comunicação

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