Filme explora os eventos que antecedem a “O Mágico de Oz”
How about defying gravity?
Bom, essa é a sensação que temos quando assistimos Wicked – parte 1, uma obra-prima musical que nos faz sentir um misto de emoções, transportando a todos para um universo mágico e lindo, fazendo-nos levitar de emoção na cadeira e sentir que estamos, de fato, desafiando a gravidade.
Com a direção majestosa de Jon M. Chu (Podres de rico), a história das bruxas de Oz finalmente chega às telas do cinema. Baseada no livro homônimo de Gregory Maguire, de 1995, Wicked conta a história de Elphaba e Glinda e como na visão do autor essa amizade que começa na universidade culmina nos acontecimentos que vemos em O mágico de Oz e como e por que elas passarão a serem conhecidas como a bruxa má do oeste e a bruxa boa do sul, respectivamente. Sendo essa a mais famosa entre tantas outras histórias oficiais do universo de Oz. História essa que fez sucesso e ganhou o público e a crítica após ser adaptada para um musical da Broadway em 2003 e ter versões espalhadas por todo o mundo.
“Uma história interessante é que no livro “O mágico de Oz”
de L. Frank Baum, 1900, a bruxa má do oeste, não tem nome.
E em homenagem, Maguire, usou a fonética das silabas iniciais
do nome do escritor da obra original, El. fa. Ba. Para dar nome a
protagonista.”
Das 3 formas pelas quais essa mesma história já foi contada, todas conseguem ter mudanças, seja elas na narrativa, nos pontos que nos levam a refletir e até mesmo na forma em que alguns personagens se apresentam. Wicked, o livro, tem um teor bem mais político que o musical da Broadway que, por sua vez, consegue (se é que é possível) ser mais lúdico. Já o filme é uma mistura do olhar político da obra literária, o lúdico da Broadway e tem uma pitada de originalidade, trazendo até mesmo musicas originais que não estão presentes na adaptação teatral.
Com as duas grandiosas atuações de Cynthia Erivo como Elphaba e Ariana Grande como Galinda (até certo momento). A produção acertou em cheio na escolha do elenco principal. Ariana, que não era a escolha mais óbvia, mostra que estava destinada a interpretar o papel e faz isso com maestria, provando que sua potência vocal é somente uma parte da artista incrível que ela é. Conseguindo construir uma personagem profunda, com um alívio cômico, egocêntrica, mas que no fundo é realmente boa. Já Cynthia Erivo, que apesar de ter feito algumas coisas na tv como a série Outsider, era mais conhecida por amantes de musicais e pessoas do ramo, mas agora recebe notoriedade interpretando a personagem principal, a wicked wich, Elphaba. Com uma voz e uma atuação avassaladoras, ela tira proveito da sua experiência no teatro musical para entregar uma personagem completa e repleta de nuances, que nos tira o folego até a catártica e apoteótica performance que fecha o primeiro ato.
Mas o que faz de fato nos apaixonarmos pelo que estamos assistindo é a química entre as duas atrizes, que em muitos momentos durante o filme me fez chorar e, mesmo sabendo como tudo termina, me fez ter vontade de poder mudar o rumo da história; mas infelizmente a própria cena inicial do filme mostra que o final não é tão feliz.
As músicas são um show a parte: todas muito boas e realmente ajudam a contar e desenrolar a história, mas “popular” e “defying gravity”, não são as mais conhecidas e adoradas atoa, e as interpretações de Grande e Erivo conseguiram elevá-las para um outro patamar. Defying gravity foi a causa de um dos meus choros durante a sessão.
Toda a produção dessa adaptação merece ser aplaudida de pé ao fim de cada sessão, o cuidado estético da direção de fotografia de Alice Brooks, com planos, recortes e movimentos de câmera que fazem que com a gente se sinta introduzido naquela história, naquele momento, que nos ajuda a sentir emoções incontroláveis durante todo o filme, algo que é mérito também do responsável pela montagem do longa, Myron Kerstein, que mantém o ritmo necessário para que o projeto não fique cansativo e faça o público manter o interesse até o último momento.
Os cenários construídos do zero, tendo a produção plantado mais de 9 milhões de tulipas para a construção de um deles, os efeitos práticos com o CGI estando presente apenas para ajudar e não tomar conta do visual, os figurinos, maquiagem, tudo para tornar o que vemos mais tangível e encher os nossos olhos.
Os coadjuvantes também são um luxo necessário: Michelle Yeoh, traz toda sua pompa para a antagonista, Madame Morrible; Jonathan Bailey vem com todo seu charme para interpretar Fiyero; e Jeff Goldblum como mágico de Oz, encaixa como uma luva, sua cara de canastrão é excelente e não teria ninguém melhor para o papel.
A primeira parte de Wicked é uma verdadeira obra-prima, provando ser um épico. Para quem não curte filmes musicais, o longa é a melhor opção para começar e com certeza fará com que cada espectador se apaixone.
Wicked – parte 1 chega aos cinemas mundiais nessa quinta-feira 24/11/24, já a parte 2 na mesma data em 2025.
Na minha humilde opinião… o filme do ano, entre os melhores do século. Uma obra que já nasceu um clássico do cinema.
Cotação por Ossos:
