Carlos Drummond de Andrade é homenageado em mostra no Cine Humberto Mauro

“Drummond e o Cinema” explora as ligações entre a Literatura e a Sétima Arte

Antônio Pedro de Souza

O escritor mineiro Carlos Drummond de Andrade era um apaixonado pelo cinema e frequentou as salas belo-horizontinas desde a sua juventude. Essa relação aproximou a literatura do escritor aos roteiros de produções aclamadas, criando uma excelência em sua escrita. A partir desta quinta-feira, 07/11/2024, o público poderá conhecer um pouco mais desta união entre Literatura e Cinema na nova mostra do Cine Humberto Mauro: Drummond e o Cinema, que exibirá longas, curtas, promoverá debates e venderá livros relacionados ao tema. A entrada para as sessões é gratuita e os ingressos devem ser retirados uma hora antes de cada sessão. O Cine Humberto Mauro fica na Avenida Afonso Pena, 1537, Centro de Belo Horizonte.

Com curadoria de Roberto Said e Pedro Rena, além de produção de Victória Morais, o evento exibirá uma série de filmes nacionais e internacionais, entre curtas e longas-metragens, das décadas 1920 a 2020, além de promover debates sobre a relação do escritor com o cinema e outros temas. Ao longo dos dez dias da mostra, serão exibidos 39 filmes – dentre eles, obras que marcaram a vida de Drummond, assim como produções brasileiras que trazem temas abordados em sua poesia. Cada dia terá um tema diferente, que será discutido à noite em uma mesa de debate com pesquisadores.

A abertura da mostra (7/11) contará com a exibição do documentário “Vida e verso de Carlos Drummond de Andrade” (2014), seguida do curta “O fazendeiro do ar” (1972), de Fernando Sabino, em que o próprio Drummond aparece como personagem. Em seguida, haverá um debate com a presença de Humberto Werneck, jornalista e biógrafo do poeta, e Roberto Said, curador e professor da Faculdade de Letras da UFMG, que discutirão a relação entre Drummond e o cinema.

Ninotchka – Ernst Lubitsch (1939)

Os curadores destacam que a obra drummondiana, além de refletir uma sensibilidade cinematográfica, também dialoga com grandes questões da modernidade que foram exploradas na sétima arte.

A curadoria da mostra é organizada em quatro principais linhas de força. As duas primeiras apresentam filmes clássicos: a primeira inclui obras do cinema mundial do século XX que Drummond admirava e escreveu sobre, como “Tempos modernos” (1936) e “Morangos Silvestres” (1957), além de produções que ele apreciava, mas com reservas estéticas, como “Ivan, o Terrível” (1944) e “Hiroshima, mon amour” (1959). A segunda linha exibe filmes canônicos do cinema brasileiro relacionados à obra do poeta, como “O padre e a moça” (1966), baseado em seu poema, e “Macunaíma” (1969), com Grande Otelo, ator que Drummond admirava. As duas últimas linhas se concentram em filmes contemporâneos: a terceira reúne obras brasileiras que dialogam com o poeta, abordando temas como a exploração mineral e a cidade moderna, enquanto a quarta apresenta filmes acessíveis que incorporam um viés poético. “Drummond, como já disse Silviano Santiago, foi entre nós o grande leitor do século XX. Todos os grandes debates que caracterizaram o convulsionado mundo moderno foram por ele abordados artisticamente, em diferentes gêneros literários. Os filmes selecionados, para além de sua dimensão narrativa e estética, atuam também como gatilhos para que possamos discutir questões de ordem política, cultural e social, tão bem esquadrinhadas pelo poeta”, explica Roberto Said.

Além disso, nos dois primeiros dias da mostra, no hall do Cine Humberto Mauro, será vendido o livro “O cinema de perto: prosa e poesia”, organizado por Pedro Drummond, neto de Carlos Drummond de Andrade, e Rodrigo Lacerda. A obra conta com crônicas e poemas inéditos nos quais o poeta anuncia seu encanto por atrizes, atores, cineastas e todo o universo que envolve a sétima arte do século XX.

Carlos Drummond de Andrade – Grupo Editorial Record

Confira a programação completa:

QUINTA-FEIRA | 07/11/24 | DRUMMOND E O CINEMA

19h | “Vida e verso de Carlos Drummond de Andrade” (2014, BRA, 65’), de Eucanaã

Ferraz

20h15 | “O fazendeiro do ar” (1972, BRA, 9’), de Fernando Sabino

20h30 | Debate de abertura: Humberto Werneck (biógrafo e jornalista) e Roberto Said

(Letras, UFMG) [com tradução em libras]

Tempos Modernos – Charlie Chaplin (1936)

SEXTA-FEIRA | 08/11 | DRUMMOND E O CINEMA CLÁSSICO

17h | “Ninotchka” (1939, EUA, 110′), de Ernst Lubitsch com Greta Garbo

19h | “Tempos modernos” (1936, EUA, 86′), de Charlie Chaplin

20h30 | Debate: Eucanaã Ferraz (IMS/Letras, UFRJ) e Ana Lúcia Andrade (Belas Artes,

UFMG).

Mediação: Pedro Rena (Letras, UFMG) [com tradução em libras]

SÁBADO | 09/11 | DRUMMOND E O CINEMA BRASILEIRO

16h | Série “Resíduo”, episódio “Henriqueta Lisboa” (2023, BRA, 26′), de Marília Rocha;

“O suposto filme” (2021, BRA, 12′), de Rafael Conde; “A hora vagabunda” (1998, BRA,

16’), de Rafael Conde

17h | “Macunaíma” (1968, BRA, 110′), de Joaquim Pedro de Andrade

19h | “O padre e a moça” (1966, BRA, 90′), de Joaquim Pedro de Andrade

20h30 | Debate: Sérgio Alcides (Letras, UFMG) e Cláudia Mesquita (Comunicação,

UFMG).

Mediação: Roberto Said (Letras, UFMG)

Metrópolis – Fritz Lang (1927)

DOMINGO | 10/11 | DRUMMOND E O CINEMA

17h | “Hiroshima, mon amour” (1959, FRA, 90’), de Alain Resnais

19h | “Metropolis” (1927, ALE, 148’), de Fritz Lang

TERÇA-FEIRA | 12/11 | DRUMMOND E O CINEMA BRASILEIRO

14h | Sessão com acessibilidade (70′)

[Audiodescrição, Legenda e Libras]

1. “profanAÇÃO” (2019, BRA, 28’), de Estela Lapponi

2. “Bonequinha surda do rio Jequitinhonha” (2023, BRA, 4’), de Ademar Alves Jr.;

3. “Deffuturismo” (2022, BRA, 10′), de João Paulo Lima

4. “Eu vi nos seus olhos, da janela, eu vi, que era o fim” (2021, BRA, 9′), de Larissa

Muniz

5. “Carta” (2021, BRA, 6′), de Ralph Antunes

6. “Eu acho que eu não quero voltar pra casa” (2021, BRA, 10′), de Maru

7. “Fi di Quem?” (2021, BRA, 3′), de Karla Vaniely

15h30 | “Entre mundos: Vida e obra de Helena Antipoff” (2019, BRA, 70′), de Guilherme

Reis

17h | “Limite” (1931, BRA, 120′), de Mário Peixoto

19h | “A casa assassinada” (1971, BRA, 103’), de Paulo Cesar Saraceni

20h45 | Debate: Denilson Lopes (Comunicação, UFRJ) e Gustavo Silveira Ribeiro

(Letras, UFMG).

Mediação: Roberto Said (Letras, UFMG)

QUARTA-FEIRA | 13/11 | DRUMMOND E A MINERAÇÃO

17h | “Lavra” (2021, BRA, 90’), de Lucas Bambozzi

19h | “Rejeito” (2023, BRA, 75’), de Pedro de Filippis

20h15 | Debate: André Brasil (Comunicação, UFMG) e Alessandra Brito (Comunicação,

UFMG).

Mediação: Pedro Rena (Letras, UFMG)

QUINTA-FEIRA | 14/11 | DRUMMOND E AS HISTÓRIAS DO BRASIL

17h | “Era uma vez Brasília” (2017, BRA, 99′), de Adirley Queirós

19h | Série “Imagens do Estado Novo 1937-45″, episódio 2 (2016, BRA, 54′), de Eduardo

Escorel

20h | Debate: Heloisa Starling (História, UFMG) e Wander Melo Miranda (Letras, UFMG).

Mediação: Eduardo de Jesus (Comunicação, UFMG) [com tradução em libras]

Morangos Silvestres – Ingmar Bergman (1957)

SEXTA-FEIRA | 15/11 | DRUMMOND VAI AO CINEMA

16h | Sessão com acessibilidade: “O garoto” (1921, EUA, 68′), de Charlie Chaplin

[Audiodescrição]

17h15 | “Ivan, o terrível“, parte 1 (1944, URSS, 99′), de Serguei Eisenstein

19h | “Morangos silvestres” (1957, SUE, 90′), de Ingmar Bergman

20h30 | Debate: Carla Maia (Cinema, UNA) e Marcelo Souza e Silva (Cia. Luna Lunera).

Mediação: Pedro Rena (Letras, UFMG)

SÁBADO | 16/11 | DRUMMOND E A MAQUINAÇÃO DO MUNDO

14h30 | “Erosões” (2012, BRA, 36’), de Oswaldo Teixeira

15h15 | Imagens de um filme em construção, de João Dumans (2024, BRA, 80′)

Sessão comentada: João Dumans (cineasta)

18h | Sessão de curtas (60′)

1. “Camaco” (2022, BRA, 14′), de Breno Alvarenga

2. “O silêncio elementar” (2024, BRA, 15′), de Mariana de Melo

3. “O maior trem do mundo” (2019, BRA, 6’), de Julia Pontes

4. “Terras remotas” (2019, BRA, 10’), de Simone Cortezão.

5. “Nunca é noite no mapa” (2017, BRA, 5’), de Ernesto Carvalho;

6. “Noite que não finda” (2020, BRA, 5′), de Pedro Aspahan;

7. “Máquinas do mundo”, (2019, BRA, 5’) de Laura Vinci e Mundana Cia.

19h | Debate de encerramento: José Miguel Wisnik (Letras, USP) e Laura Vinci (artista

plástica).

Mediação: César Guimarães (Comunicação, UFMG) [com tradução em libras]

21h | “A última floresta” (2021, BRA, 74′), de Luiz Bolognesi com Davi Kopenawa

DOMINGO | 17/11 | DRUMMOND E CHAPLIN

18h | “O grande ditador” (1940, EUA, 124′), de Charlie Chaplin

Sessão comentada: Rafael Ciccarini (Ânima Educação)

Mediação: Pedro Rena (Letras, UFMG)

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Foto de capa: Marcel Gautherot/Acervo IMS

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