Crítica – Força Bruta: Sem Saída

Sucesso coreano chega aos cinemas brasileiros com cenas de ação e pancadaria

Antônio Pedro de Souza

Num passado não muito distante, as sessões cinematográficas na TV aberta costumavam se programar por temas. Por exemplo: A Tela Quente exibia os lançamentos que, como o próprio nome indicava, eram mais quentes e aguardados pelo público, desfilando uma variada gama de títulos, que iam da comédia pastelão ao terror passando, claro, por romance e ação. A Sessão da Tarde e o Cinema em Casa, também com gêneros variados, apostavam em filmes para assistir com a família – em geral, classificação livre – apesar do SBT exibir alguns filmes mais adultos às duas da tarde. A Temperatura Máxima, por sua vez, era responsável por reprisar filmes de ação e aventura nas tardes de domingo: O Exterminador do Futuro 2, Rocky, Rambo, Falcão, entre outros títulos explosivos eram cartazes garantidos na hora do almoço de domingo. De uns anos para cá, a sessão passou a se ocupar dos mesmos títulos “água com açúcar” já vistos em sua companheira dos dias úteis, embora nos últimos meses, curiosamente, tenha voltado a destacar em sua grade filmes com mais correrias e explosões. Volta às origens? Cedo para dizer.

E qual o motivo desta longa e louca introdução? Bem… O cinema oriental, direta ou indiretamente, sempre nos brindou com filmes de ação que ultrapassou a barreira quase unânime dos enlatados americanos, que preenchem praticamente todas as nossas salas de cinema e, obviamente, quase todas as sessões da TV – aberta e fechada – e, mais recentemente, dos streamings.

E, se às vésperas da pandemia de COVID, foi um filme coreano que venceu essa hegemonia e abocanhou quase todos os prêmios Oscar de 2020, isso serviu para mostrar que podemos esperar muito dos filmes asiáticos. Nomes como Bruce Lee e Jackie Chan ficaram mundialmente conhecidos por seus filmes com muita ação, explosão, pancadaria. E tiveram seu lugar cravado no hall dos filmes arrasa-quarteirão. Após a conquista do Oscar por Parasita, em 2020, passamos a conhecer mais das produções orientais, especialmente da Coreia. Os K-Pop na música, os doramas (ou K-dramas) na TV, e novos longas-metragens no cinema.

Neste contexto, surge um filme que tem todos os elementos citados anteriormente. E que, caso as emissoras de TV aberta estejam atentas, dará um ótimo cartaz, daqui uns aninhos, em Tela Quente e, posteriormente, em Temperatura Máxima: Força Bruta: Sem Saída.

Maior sucesso dos cinemas coreanos em 2023, com mais de 11 milhões de ingressos vendidos, o longa é dirigido por Lee-Sang-yong e traz Don Lee no papel principal, o policial Ma Seok-do, que precisa desbaratar uma intrincada teia de crimes que envolve, inclusive, outros policiais.

Além do lado policialesco típico (crimes acontecem, precisam ser investigados e solucionados), o filme é repleto de cenas de pancadaria, típicas do gênero e que consolidou também os nomes já citados anteriormente.

Em suma, toda vez que Don Lee aparece em cena (e ele SEMPRE aparece em cena), sabemos que alguém vai levar alguns socos. E nem armas de fogo parecem deter o “armário humano” que o personagem é. Ninguém consegue pará-lo nos quase 105 minutos de filme.

À medida que seus instintos ficam aguçados e ele parece ter encontrado o seu fio de investigação, a ação toma conta das cenas, não deixando cenários, nem maxilares inteiros.

A trama tem início com o assassinato de um policial que trabalhava disfarçado, mas é descoberto pelos criminosos. A partir daí, a atenção é dividida com a investigação de Ma Seok-do, atrás de traficantes internacionais de uma nova droga, mais viciante e letal que as já disponíveis no mercado.

Embora seu principal companheiro não acredite, Ma Seok-do tem certeza de que o tráfico de drogas está diretamente ligado ao assassinato do policial, o que leva a outro dilema: oficialmente, ele não poderia investigar o caso, pois não pertence à delegacia de homicídios.

Mas Ma Seok-do não está interessado nesta regra e, reunindo um time aparentemente desajustado de policiais bem intencionados, parte numa odisseia pessoal para provar seu ponto de vista – e quebrar alguns narizes de bandidos pelo caminho.

O filme é repleto de situações clichês do gênero, o que acaba o tornando de fácil assimilação para o público em geral, que terá uma fácil aceitação dos personagens e da história. Em resumo, é muito soco, muita luta coreografada e, claro, muitas cenas de perseguição. O filme consegue surpreender no roteiro – muito bem orquestrado e amarrado – e nas já citadas cenas de luta e ação, que funcionam de maneira natural. Tudo o que um filme de Temperatura Máxima deve ter.

Cotação por ossos: 8

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