Crítica – Longlegs: Vínculo Mortal

Tatiane Barroso

Escrito e dirigido por Osgood PerkinsLonglegs se passa na década de 1990 e conta a história de uma jovem agente do FBI chamada Lee Harker (Maika Monroe), que parece ter um talento psíquico para sentir assassinos e forças ocultas. Harker é designada para um caso envolvendo uma série de assassinatos no Oregon. Cada caso envolve um pai matando sua família e a si mesmo, e deixando para trás uma carta codificada assinada “Longlegs”. A partir daí, os espectadores são levados em uma jornada na qual Lee tenta descobrir quem é o misterioso Longlegs (NicolasCage) e sua conexão com os assassinatos.

O filme parece ser uma homenagem à série Arquivo X. As primeiras temporadas foram filmadas em Vancouver, e, portanto, dias escuros eram a norma para muitos episódios. Agente Harker também parece ser uma homenagem à agente Dana Scully. Assim como Harker, Scully se tornou sinônimo de terninhos, ostentando golas grandes e vestindo principalmente cores escuras. O diretor também buscou referencias nos filmes Exorcista (1973); O Silêncio dos Inocentes (1991); Seven: Os Sete Crimes Capitais (1995) e nos True Crimes do Zodiac Killer (décadas de 60 e 70) e JonBenét Ramsey (1996).                                              

Perkins explora muito bem esse estranho familiar, como por exemplo a ascensão do Pânico Satânico que se espalhou pelos subúrbios norte-americanos nos 70 e 80. Osgood de forma de brilhante faz um filme de atmosfera, com uma narrativa lente e rica em detalhes.  Mesmo não estando em tela a presença do vilão e sentida, seja por meio de sombras ou em cartão de aniversário, e isso causa no espectador uma crescente sensação de desconforto e perigo eminente.  O diretor constrói um sentimento de pavor e medo na normalidade antes mesmo de nos aproximarmos das ideias mais sombrias de sua história.

À medida que nos aprofundamos no filme, Perkins começa a brincar com os elementos mais grotescos dos seriais killers. Ele corteja ativamente o mundo visual desse homem e ativamente torna o personagem de Cage tão feio por dentro quanto ele é por fora. Além disso, ele o transforma em um perdedor. O homem é incapaz de se comunicar com a sociedade e fica claro que ele não está disposto a fazer um esforço.

A performance de Cage é fantástica.  Ele não só se mostra assustador, mas sua persona descomunal é o motivo pelo qual as pessoas seguem esses assassinos com entusiasmo de culto. Blair Underwood, na pele do Agente William J. Carte, traz nuances e frustrações incríveis para a história. Agente Carte constrói o caso para o melhor entendimento do público e sua sequência final prova o quão compassivo o personagem tem sido até aquele momento. Sua bússola moral e ética o conduz durante a narrativa dando ao personagem de destaque ao longo do filme. De forma semelhante a atriz  Alicia Witt, que dá vida a Ruth Harker,  surpreende em um papel limitado, mas consequente. Ela muda o clima e se torna parte integrante da surpresa que está por vir. A personagem de Maika se sente quebrada desde o início, tanto insegura quanto protegida. Monroe comunica o horror por meio de suas incríveis expressões faciais.

Longlegs: Vínculo Mortal é construído sobre uma base visual sombria e pessoas ainda mais assustadoras. O fanatismo que impulsiona a trama destrói vidas. Perkins subverte a normalidade e permite que os aspectos mais sombrios da condição humana passem despercebidos.

Cotação por ossos:

9,0

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