Criação dos corpos artísticos da Fundação Clóvis Salgado pode ser vista no Palácio das Artes
A história da construção do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, MG, é recontada pelos corpos artísticos da Fundação Clóvis Salgado por meio da ópera “Devoção”, em cartaz hoje e amanhã no Grande Teatro do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro, BH).
Estrelada por Matheus Pompeu, Carla Caramujo, Johnny França, Sávio Sperandio e Bárbara Brasil, a ópera é dividida em dois atos, mostrando a saga de Feliciano Mendes e Mercês (Pompeu e Caramujo) após sua chegada de Portugal para tentar a vida nas minas de ouro, na região de Congonhas.
Tudo no espetáculo é grandioso: os cenários, os figurinos, as atuações, a trilha sonora… O público começa a acompanhar a história no momento em que o casal chega a terras mineiras, sendo guiados pelo tropeiro (França). A opulência é evidente: Feliciano e Mercês trazem diversos baús, joias, moedas e roupas caras. No entanto, para conseguirem explorar as minas da região, precisam de permissões dos governantes e poderosos do local. Assim, Feliciano precisa investir todos os seus bens. Quando a segunda cena começa, percebemos o primeiro contraste da história: Mendes e Mercês estão com roupas mais gastas, sem o luxo do começo do ato, mas dispostos a batalhar para fazer fortuna.

Quando o segundo ato começa, temos nova roupagem: a riqueza voltou a sorrir para Mercês e Feliciano, no entanto, ele estivera gravemente enfermo. Ao curar-se, prometeu erguer um cruzeiro no alto do Morro Maranhão, mas foi além: iniciou o projeto da construção da capela de Bom Jesus de Matosinhos. Quem narra esses acontecimentos é a Beata (Bárbara Brasil) ao mascate (Johnny França), explicando os motivos que levaram Feliciano a abrir mão de sua fortuna em prol da construção religiosa.
Com magnífica atuação do elenco principal, a ópera conta com as presenças brilhantes do Coral Lírico de Minas Gerais e da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. O elenco de apoio também brilha e todo o espetáculo envolve o público, num misto de dramaturgia e orações que se sucedem o tempo todo no palco.

A direção de Cláudia Malta realça o teor religioso da ópera, bem como do povo mineiro do século XVIII, muito presente ainda em cidades históricas e do interior do estado. Os figurinos de William Rausch reproduzem o estilo da época e conversam com o que está acontecendo em cada cena. A música de João Guilherme Ripper aproxima o público da história, fazendo com que nos sintamos parte da peça, como se estivéssemos também no palco, como o elenco.
Enfim, um espetáculo de encher os olhos, os ouvidos e aquecer o coração.
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Fotos:
Capa: Paulo Lacerda (Assessoria de Imprensa da Fundação Clóvis Salgado)
Miolo: Foto 01 – Mateus Bedoni
Foto 02: Antônio Pedro de Souza
