Comédia policial estreia nos cinemas brasileiros em 16/05
Um filme divertido, mas que causará estranheza. Assim pode ser descrito, em pouquíssimas palavras, “A Estrela Cadente”, longa-metragem dirigido e estrelado por Fiona Gordon e Dominique Abel. A produção é uma parceria França/Bélgica e chega aos cinemas brasileiros esta semana.
O filme é assumidamente uma comédia policial, mas poderá causar estranheza, devido seu estilo de cinema noir, com tomadas escuras, fumaça de cigarro, becos, porões e sótãos sombrios… Ao mesmo tempo que a apresenta cores fortes e vivas nos carros, nas roupas, nas paisagens urbanas e rurais. Ou seja: uma miscelânea de formas, tons e sentimentos.
A história gira em torno de Bóris e Dom (ambos Dominique Abel). O primeiro é um ex-ativista, que participou de diversos protestos – alguns violentos – no passado, mas que agora vive recluso como um barman numa espécie de pub chamado A Estrela Cadente. Ele está disposto a “deixar o passado para trás”, mas um homem misterioso aparece certo dia, dizendo que o reconheceu e que dará cabo de sua vida. O homem tem um braço mecânico, o que nos leva a acreditar que ele tenha sido sobrevivente de um dos atentados provocados por Bóris em 1986 (a data é vista num jornal, enquanto o homem explica que reconheceu Bóris). Seu plano para matar o barman falha, e a esposa de Bóris, junto a seu melhor amigo, decidem que é hora do barman sumir – ou pelo menos ser “trocado”.
Eles passam a observar um estranho homem, aparentemente solitário e deprimido, que se parece demais com o, agora jurado de morte, Bóris. E traçam um plano para trocá-los de lugar. Esse segundo homem é Dom, que vive praticamente sozinho com sua cachorrinha de estimação, tendo pouco contato com o amigo Homer e menos contato ainda com sua ex-esposa Fiona (Fiona Gordon), com quem divide o trauma de ter perdido uma filha.
O trio de picaretas conseguem ludibriar Dom e o aprisionam no bar. Paralelamente a isso, Fiona, que é detetive particular, recebe a incumbência de encontrar um cachorro desaparecido, virtualmente idêntico à cachorrinha de quem foi tutora ao lado de Dom.
Não precisa nem dizer que, a partir daí, a confusão está formada, não é?. Com Bóris e Dom trocando constantemente de lugar, e Fiona procurando por um cachorro que é o sósia da sua própria cachorra, logo os “universos” de cada um irão se colapsar, causando uma intrigante e divertida teia que se assemelha ao uma eterna briga de gato e rato.
As interpretações bem teatrais ajudam a dar o clima nonsense que o filme pede, além do já citado contraste de cores, mesclando cenas bem escuras, com momentos bem vívidos.
A trilha sonora é gostosinha, mesclando diversos ritmos e nos envolvendo ainda mais na história. Os diálogos são curtos, secos, não dando brechas para grandes explanações, explicações prolongadas ou monólogos profundos. Em suma, é como se assistíssemos a diversos esquetes interligados pela trama em comum. Não confunda, porém, com um filme raso e sem história. “A Estrela Cadente” apresenta mais camadas do que possamos supor.
É um filme belo, alegre, noir e reflexivo, que nos fará ficar apreensivos para saber se, por exemplo, o propenso assassino irá conseguir consumar sua vingança. Se Dom conseguirá sair do cativeiro, se Fiona encontrará seu marido, bem como se conseguirá terminar o trabalho pelo qual foi paga.
São várias perguntas, mas para saber as respostas, só vendo o filme até o fim.
Vale muito a pena.
Cotação por ossos:
9,5

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