Novo longa de animação mostra um Garfield bem moderninho e repete situações já vistas em outros filmes do personagem
O filme “Garfield – Fora de Casa” é uma ótima pedida para quem quer se divertir nos cinemas. Dinâmico, ágil, repleto de piadas e situações cômicas, o longa traz o icônico personagem de Jim Davis em uma aventura aparentemente inédita – mas repleta de referências a outras histórias do gato que odeia segundas-feiras.
A história começa com Garfield e Oddie narrando como o bichano foi adotado por John. Vale, como referência histórica, um rápido close na frente de uma loja de quadrinhos com o nome de Jim Davis em destaque na fachada. Era uma noite chuvosa e o filhote Garfield fora abandonado por seu pai, mas recolhido e abrigado por John. Tempos depois, Oddie se junta à dupla.
O filme dá um salto para o tempo presente. Presente demais, na verdade: Garfield é um gato altamente moderno nesse longa-metragem. Tudo bem, sabemos que o personagem adora “perder tempo” em frente à TV, enquanto saboreia pizzas e lasanhas, mas desta vez, os roteiristas capricharam e o bicho assiste a plataformas de streaming, pede comida por aplicativo (que entrega o alimento por drone), entre outras conveniências da vida moderna.
Se por um lado, esse recurso pode ser entendido como uma maneira de atrair o público jovem, cada vez mais habituado aos aplicativos, smartphones e o escambau, por outro lado, faz com que Garfield, Oddie e John percam um pouco daquela inocência – e pinceladas de humor nonsense – vistas nos quadrinhos e nos filmes anteriores. Tudo, aqui, é tecnológico demais!
Lá pelas tantas, o gato alaranjado se mete numa confusão sem tamanho ao ser sequestrado e se defrontar com o pai – a quem julgava que o tivesse abandonado. Agora, os dois gatos, o cão e uma trupe de animais vão ter que encarar uma aventura, como o nome sugere, fora de casa, passando muitos apertos e encarando perigos inimagináveis.
Inimagináveis, mas nada inéditos: o filme acaba repetindo a fórmula dos divertidíssimos live-actions “Garfield – O Filme” e “Garfield 2”, lançados no começo do século. Sequestros, extorsões, vilões pirados, muita confusão e gritaria. Desta vez, claro, com o já citado uso exagerado da tecnologia.
Por fim, o filme é bom. Bom mesmo. Não consegue superar os live-actions, que são obras-primas da comédia, mas é muito melhor que animações lançadas anteriormente, como “A Festa do Garfield”, de 2009, que exagerou na animação 3D sem necessidade.
A trilha ajuda bastante no desenrolar da trama e as histórias paralelas enriquecem o roteiro, fazendo com que a experiência de 100 minutos de projeção passe num piscar de olhos, de tão agradável que é.
O problema, realmente, é o excesso de drones, smartphones e aplicativos que pipocam na tela a cada momento, facilitando as missões do gato. Ele poderia passar por um pequenos perrengues, como por exemplo, a perda de sinal na cena do trem. Seria mais verossímil. Mas querer cobrar verossimilhança numa animação do Garfield é um pouco demais, não é?
Por fim, vale um spoiler: embora não haja cena pós-créditos, vale a pena aguardar a tirinha que aparece ao fim do filme. Para um desenho que usou tantos aparatos digitais, ver uma tirinha, estilo jornal impresso, ao fim da projeção, é um alento.
***
Cotação por ossos:

8,0
***
