Confira a crítica do filme
Os Von Erichs são uma das famílias mais famosas da história do wrestling norte-americano (luta livre profissional) mas sua trajetória é repleta de tragédias. No filme “Garra de Ferro” (The Iron Claw) dirigido por Sean Durkin e produzido pela A24, acompanhamos a ascensão e queda dessa notória família de lutadores.
Durkin optou em nos apresentar a história dos inseparáveis irmãos Von Erich, por meio de Kevin (Zac Efron), segundo filho mais velho do casal Fritz (Holt McCallany) e Doris (Maura Tierney) Von Erichs. De acordo com Kevin, desde a infância sempre ouvia que sua família era amaldiçoada. Sua mãe tentou os proteger com Deus, mas seu pai tentou os proteger com a luta livre. Ainda de acordo com Kevin, o patriarca disse aos filhos que se fossem os mais durões, os mais fortes, nada poderia os machucar.
Foi sobre essa cartilha que Kevin, David (Harris Dickinson), Kerry (Jeremy Allen White) e Mike (Stanley Simons) fizeram história no mundo intensamente competitivo do wrestling profissional no final dos anos 70 e início dos 80. Através das tragédias e dos triunfos, sob a sombra de seu pai e treinador dominador, os irmãos buscam a imortalidade neste grande palco do esporte.
Mesmo que não seja fã de esporte ou não entenda nada de luta livre, “Garra de Ferro” merece estar na sua lista de filmes para assistir no cinema em 2024. Caso tenha sido criança nos anos 80 e início dos anos 90, deve se lembrar dos programas de luta livre transmitidos pelo SBT. O diretor Sean conseguiu captar bem o espírito e atmosferas dessas lutas, bem como suas coreografias e vestimentas. Mas o foco aqui não são as lutas e, sim, a dinâmica familiar dos Von Erichs.
Por mais que os irmãos se amassem e apoiassem, Fritz desde sempre persistiu na competição entre seus filhos, e dentro do ringue não era diferente. O pai exigia ao máximo de sua prole em seu treinamento, pois ele desejava o título mundial de luta livre em sua casa. Mas ao longo do caminho entre uma luta e outra, vamos percebendo a dor, os problemas emocionais e a dependência química, causadas por essa obstinação. A tragédia é inevitável: Dos 5 filhos de Fritz e Doris, somente Kevin sobrevive.
As excelentes atuações de Zac Efron e Jeremy Allen White são um bom motivo para dar uma chance ao filme. Efron está muito longe de sua interpretação canastrona em “Baywatch“. Aqui, Zac consegue entregar com toda a sua dramaticidade, o peso e responsabilidade de ser o irmão mais velho, ou de acordo com suas palavras, o segundo irmão mais velho, bem como de atender às expectativas de seu pai obsessivo e insensível que forçou seus sonhos fracassados a cada um de seus filhos.
A atuação de White é um contraponto a de Efron. Por mais expansivo que Kerry seja, Jeremy consegue imprimir a melancolia, tristeza e, ao longo do caminho, a sua crescente dependência por analgésicos e outras drogas. A interpretação de Harris Dickinson como David também merece atenção, mesmo diante de nomes já consagrados da indústria cinematográfica, Dickinson imprimiu sua grandiosidade em cada cena em que participou.
Ao término do filme, assim que sair da sala de cinema, não estranhe se seguinte pensamento lhe ocorrer “Afinal de contas, a família Von Erichs era realmente amaldiçoada ou a imposição e o amor duro do patriarca causou tudo isso aos seus filhos?’’ Cabe a reflexão.
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Cotação por ossos:
5,0

