Crítica: Flash

Filme apresenta bom enredo e consegue dar um gás no universo da DC

Antônio Pedro de Souza

Lançado dez anos após “O Homem de Aço” que abriu, oficialmente, o universo expandido da DC Comics, “Flash” chega aos cinemas dando um novo gás à editora-mãe de Superman, Batman e outros super-heróis icônicos.

Para entender a importância deste novo filme e como ele mexe com os fãs, precisamos voltar dez anos no tempo e relembrar como esse audacioso projeto teve início: “O Homem de Aço”, de Zack Snyder, reiniciava a saga de um dos heróis mais queridos de todos os tempos, mas não era apenas isso. O longa que reintroduziu o Superman nas telonas, recontando sua origem desde os tempos de Krypton, era também uma tentativa de a DC Comics bater de frente com a Marvel que, àquela altura, já explorava o multiverso com as várias linhagens de heróis que iriam compor Os Vingadores nos cinemas.

Pois bem, a DC também expandiu seu universo a partir de “O Homem de Aço” e, embora nosso alienígena mais querido não tenha ganhado um “filme dois” (até existiram projetos, mas todos foram engavetados), o longa de 2013 foi o ponto de partida para os demais filmes de heróis do estúdio que passaram a ser lançados em profusão na década que se seguiu: Aquaman, Mulher-Maravilha, Batman X Superman, Esquadrão Suicida, Aves de Rapina, Liga da Justiça, Adão Negro e, agora, Flash.

Todos os filmes estão, de certo modo, interligados, mas não são totalmente dependentes uns dos outros, como nos longas do estúdio rival.

Em “Flash”, acompanhamos o protagonista Barry Allen, brilhantemente defendido por Erza Miller, tentando voltar no tempo para salvar sua mãe. É claro que a boa tentativa do herói cria uma confusão nas diversas linhas do tempo existentes e abre uma brecha para ninguém menos que o terrível General Zod voltar do reino dos mortos e atacar o planeta.

Não pense, porém, que Zod foi ressuscitado, como acontece com Superman em Liga da Justiça, o vilão reaparece por conta das diversas falhas temporais causadas pelos “passeios” de Barry no tempo-espaço. Caberá agora ao velocista, aliado a uma versçao mais jovem de si mesmo e a um Batman do multiverso, achar uma maneira de derrotar o terrível arqui-inimigo do Superman.

“Flash” vê a luz do dia após períodos de muita incerteza no meio cinematográfico: como já dito, o filme dá prosseguimento à franquia iniciada em 2013, mas que passou por mais percalços que sucesso em dez anos. Além das continuações canceladas de “Superman”, a Warner Bros. e a DC Comics passaram por uma série de transformações e mudanças de planos ao longo da década: Zack Snyder precisou se afastar das gravações de “Liga da Justiça” que, mais de um ano após seu lançamento oficial, ganhou uma versão estendida do diretor com quase cinco horas de duração e um enredo bem diferente do que foi visto nos cinemas…

Henry Cavil foi demitido, mesmo após seu personagem fazer uma ponta em Adão Negro, o que deu um fio de esperança aos fãs para que um novo filme do herói fosse lançado…

Um filme da Batgirl foi cancelado – e arquivado sabe-se lá onde – mesmo após ter sido todo gravado e editado. Além disso, todas as produções foram paralisadas por dois anos, enquanto o mundo mergulhava nas sombras da pandemia de COVID.

Entre os filmes lançados, mas que não tiveram o sucesso esperado, vale ressaltar “Esquadrão Suicida”, “Aves de Rapina” e o já citado “Adão Negro”. Tais produções acabaram destoando da franquia… E, mesmo “Batman x Superman” e “Liga da Justiça” ficaram aquém do esperado pelo estúdio, numa época em que os olhos do público e da crítica se voltaram para as produções mirabolantes da Marvel, com seus Vingadores e diversos Homens-Aranha saltando nas telas dos cinemas.

Para completar, Erza Miller teve sérios problemas com a jsutiça, o que gerou boatos de que ou o ator seria dispensado pelo estúdio – e o filme totalmente regravado – ou o longa, simplesmente, desaparecia.

Nem uma coisa, nem outra. Contrariando suas próprias previsões, a Warner Bros. acabou lançando “Flash” com Erza Miller, Ben Afleck – outro que se demitiu/foi demitido do cargo de super-herói; Gal Gadot, Jason Momoa e uma rápida aparição de Henry Cavil – um frame de “Liga da Justiça” já que, com a saída do ator, a ação passou a se concentrar na prima de Kal-El, a Supergirl.

Destaque para Michael Keaton, que reprisa seu papel como Batman em uma parte do universo expandido. Pouco mais de três décadas depois, ele ainda mostra que é bom de briga…

Outro ponto nostálgico é o momento da “colisão dos mundos”, o que propicia uma olhadinha em vários universos, trazendo diversas versões de Flash (faltou o Grant Gustin), Superman, entre outros… É de encher os olhos.

A narrativa do filme é interessante, divertida na medida certa, com boas cenas de ação e consegue compilar parte da essência dos heróis que a DC vinha tentando, mas falhando nos últimos filmes.

Em suma, é uma boa pedida e que pode abrir a porta para mais dez anos de universo estendido/compartilhado ou, simplesmente, fechar de vez essa porta, com cada herói voltando para suas missões. Independentemente do que acontecer, terá valido a pena assistir o filme.

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Em alta: A cena que abre o filme, com direito a bebês e um cão terapeuta.

Em baixa: A cena pós-créditos. Totalmente dispensável.

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Cotação por ossos:

8,5

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